Blog do Gustavo

Design Thinking: uma nova forma de criar

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Passei por um período de improdutividade nas últimas semanas, uma situação que me angustiou bastante. Simplesmente não saía nada, as coisas não aconteciam, não conseguia me concentrar, não conseguia imaginar… Em bons termos de quem é do Capão, '''tava osso''. Enfim, acabei conhecendo algo que me deixou bem inspirado e me expôs a uma nova forma de criar: o Design Thinking. Apesar de o nome ser recente, é algo que muitas empresas inovadoras, como Google e Apple, já aplicam há muito tempo.

Tinha escutado o termo várias vezes, mas não sabia bem do que se tratava. Na verdade, muitos discutem se há uma definição para Design Thinking e se há a necessidade de existir uma. É um processo que se entende mais na prática e tive essa oportunidade no último final de semana, durante o Design Thinking Weekend, o quarto módulo da Jornada da Inovação. Vamos à história!

Sábado: Nos dividimos em grupos, cada um com um tema de interesse. Mobilidade urbana, fome, idosos, … Eu estava no grupo, claro, da educação e tínhamos a pergunta ''Como repensar o papel do professor na escola pública?''.

          1) Desentendimento: pegamos um monte de post-it's e começamos a escrever neles tudo que vinha à mente com relação à nossa pergunta. A intenção ainda não era respondê-la, mas pensar no que estava relacionado a ela. O objetivo era conseguir centenas e centenas de perspectivas sobre o assunto. Por causa dessa diversidade de olhares, a fase tem o nome de desentendimento. No processo, a gente discute, ideias de um fazem surgir novas para o outro e assim seguimos. Depois, tínhamos que olhar para o que escrevemos e tentar encontrar semelhanças e diferenças entre os post-it's para agrupá-los (processo de clusterização).

DESIGN 1

          2) Pesquisa: saída ao campo! Depois de pensarmos entre nosso grupo, fomos às ruas para ''entrevistar'' as pessoas sobre o tema. A intenção era fazer bate-papos, em que o ''entrevistado'' se sentisse confortável para dizer tudo o que pensava sobre escolas e professores. Conversamos com pai e filhos na lanchonete, com idosos, com professores-estudantes na biblioteca, com jovens em escolas de arte… Mesmo que tivéssemos pouco tempo, foi uma etapa bem enriquecedora.

          3) Ponto de vista: feitas as entrevistas, precisávamos comparar os pensamentos que levantamos durante o desentendimento e os que vimos durante a pesquisa. Levantando tudo em conta, nosso objetivo era chegar a uma segunda pergunta, um segundo problema. Esse segundo problema chama-se ponto de vista porque é a ótica pela qual vamos analisar o problema inicial. Depois de perceber que a sociedade era uma fonte de conhecimento muito rica para os alunos, passamos a questionar porque o acesso a esse conhecimento é tão mal aproveitado. Ligando isso ao papel do professor, nosso ponto de vista foi ''Como ensinar a aprender?''

DESIGN 2

Domingo: continuação do processo.

          1) Busca da solução: agora, sim, tentamos responder a pergunta. De novo, com muitos post-it's, escrevemos todas nossas ideias e proposta de solução, com muita discussão e pensamentos loucos. Em nosso caso, a ideia que mais chamou a atenção era uma escola onde os alunos montassem grupos de interesse, como tecnologia, arte e esporte, e pudesse adquirir novos conhecimentos aliando-os ao que gostasse.

          2) Prototipagem: após identificar uma ideia que mais chamasse nossa atenção, devíamos criar um protótipo dela, algo palpável que simulasse nosso produto. Podíamos utilizar sucata, cartolina, canetinhas, recortes e tudo mais que quiséssemos e tivéssemos. A intenção aqui era desenvolver mais a ideia, visualizá-la, identificar seus problemas e corrigi-los. Em nosso caso, montamos, com peças de Lego, uma escola tradicional com paredes que limitavam o aprendizado do aluno; essas paredes eram derrubadas pela chegada da nossa proposta, que promovia o aprendizado pelo interesse dos alunos.

          3) Iteração: ocorrendo em paralelo com a prototipagem, é uma fase durante a qual apresentamos nosso produto para colegas, saímos às ruas, ligamos para amigos, enfim, procuramos feedback para analisar a viabilidade e encontrar problemas e buracos em nossa ideia. Levamos em conta o posicionamento do sobrinho de um dos membros; o garoto, de 10 anos, odiava escola e tentamos pensar como ele responderia à nossa proposta.

          4) Apresentação: com as ideias estruturadas, apresentamo-las e recebemos feedback.

 

É difícil expressar o quão enriquecedor foi esse processo. Em um final de semana, conseguimos soluções inovadoras para resolver grandes problemas do nosso dia a dia. Tudo bem que descobrimos que já existem ideias muito parecidas com a nosso sobre educação, mas está valendo, a gente conseguiu! A proposta é que apliquemos essa nova forma de pensar mais vezes, com mais tempo, para criar mais coisas e criar de forma mais inovadora, em grupo e com propostas inéditas. Sinceramente, foi um final de semana inspirador, a criatividade voltou! Agora, o plano é entender melhor o que é Design Thinking!

Hoje (terça, 23 de julho), teremos o último módulo da Jornada, sobre Economia do Compartilhamento! É um conceito novo, que também rompe com muitos padrões! Novamente, inscrições aqui e acordos e conversas com Gabriel Coelho (gabriel@empoderese.com).

Espero que também mergulhem na inovação que traz o Design Thinking!