Sobre chatos e start-ups
gustavotorres
Mandar e-mails, mensagens no facebook, ligar, mandar mais mensagens no facebook… tenho feito isso frequentemente para marcar conversas e reuniões nos últimos meses. As agendas das pessoas com quem quero conversar costumam estar sempre lotadas, greves acontecem e tudo tem de ser remarcado, enfim, uma infinidade de situações complicam os encontros. Aprendi a ser insistente o suficiente para passar meses tentando agendar uma conversa com alguém.
Insistente… essa é uma forma de enxergar, mas as pessoas que recebem os tais e-mails, mensagens, ligações e propostas de datas devem me ver mais como ''chato''. Acho que faz parte.
Foi após algumas semanas sendo ''insistentes'' que João (meu amigo-sócio) e eu conseguimos conversar com Gustavo Fuga. Ele criou a 4you2, uma escola de ensino de idiomas única, que oferece cursos a preços baixíssimos e traz professores de vários países. Queríamos saber um pouco da história dele com a 4you2, como a ideia começou, como foram os primeiros passos, como cresceu… Pensamos que esse seria um ótimo aprendizado para aplicar no nosso projeto social, o DSJ (Descobrindo o Sonho Jovem). A conversa valeu muito a insistência. Fuga falou durante mais de uma hora, mas não vi passarem nem 10 min. Foi incrível!Queria compartilhar algumas coisas que gostei muito de ouvir. Aí vão elas…
1. Apaixone-se por uma ideia depois de ver que ela tem potencial.
Faça vários testes (pilotos) com seu projeto, sem se apegar tanto a detalhes. Elabore planejamentos básicos que permitam que a ideia seja aplicada, aplique-a, consiga os clientes, ouça a todas as críticas. Refaça o planejamento levando em conta as críticas feitas, aplique de novo, mais clientes, mais críticas e repita esse ciclo algumas vezes. Depois de fazer esses pilotos, você deve responder a pergunta: seu negócio tem potencial para dar certo? Se a resposta for não, deixe-o de lado (por isso você não pode apegar-se logo no começo). Se a resposta for sim, siga em frente, mergulhe no projeto, agora você pode se apaixonar por ele. A partir desse momento, os detalhes se tornam mais relevantes, procurar apoio ganha importância… É a fase de acelerar o projeto. (Fuga recomendou o livro The Lean Startup, que traz esse novo modelo de negócios, que se opõe àquele em que primeiro você consegue vultosos investimentos, apoiadores e clientes para depois saber se a ideia é viável).
2. Quase ninguém mais liga para idade.
João e eu temos 16 anos. É comum termos receio de adultos não levarem nossas ideias e potencial a sério. Fuga deixou claro que isso não é verdade. Podemos contar com o apoio das pessoas de mais idade em nossos projetos, porque elas estão cada vez mais otimistas com jovens que procuram fazer as coisas acontecerem. Em geral, elas se encontram dispostas a compartilharem suas experiências para ajudar aqueles que dispõe da energia para aproveitá-las no desenvolvimento de novas ideias.
3. O projeto deve ser a causa maior.
Sua ideia não deve ser um objetivo individual. Para que o projeto seja sustentável e deixe um legado para as próximas gerações, ele deve ser uma causa maior. Você torna-se mais uma ferramenta dessa causa. Isso é o que faz ela deixar resultados a longo prazo.
4. Siga sua intuição.
Escute pessoas com experiência, leve todos os conselhos em conta, mas, quando achar necessário, faça tudo diferente. Confie no que você acha certo para poder dizer que os resultados (bons ou ruins) vieram de escolhas conscientes (não apenas como repetição do que foi escutado).
O que escrevi foi apenas uma tentativa de compartilhar o que aprendemos com o Fuga. Me arrependi de não ter usado meu bloco de notas durante a conversa; poderia consultá-lo para rever tudo o que ouvimos. Enfim, espero 3 coisas: 1) que esses conselhos não tenham passado uma ideia errada do Gustavo; nenhum deles foi compartilhado com arrogância de quem sabe tudo; o tempo todo, Fuga reforçava que não queria tentar parecer algum tipo de professor e que devíamos fazer tudo ao contrário do que ele aconselhava caso achássemos necessário; com seus 21 anos e muitas conquistas, ele mantém a humildade sempre; 2) João e eu saímos de lá realmente admirados com o que ouvimos e otimistas para seguir em frente com nosso projeto; espero que o post possa te incentivar de alguma forma com suas ideias também; 3) ser um insistente-chato pode ser valer a pena no final.
Até o próximo post!