Blog do Gustavo

O medo de quem quer mudar o mundo

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Você com uma ideia, trabalhando naquilo que acredita, fazendo acontecer, satisfeito, empolgado, feliz, tentando mudar o mundo… Daí vem um balde de água fria. Bem típico, né?

É o que tem acontecido comigo ultimamente. O DSJ (Descobrindo o Sonho Jovem, projeto social que criei com meu amigo) deu alguns passos importantes nas últimas semanas. Conseguimos espaço para realizá-lo, criamos um site, produzimos vídeo de divulgação, conhecemos pessoas que estão nos ajudando, enfim, foram muitas coisas boas para o desenvolvimento do projeto! Tudo demandou tempo e energia, mas nem chegou perto de dar tanto trabalho quanto nosso passo mais recente: a divulgação.

Dedicação!

Decidimos divulgar o projeto no começo dessa semana (18 e 19) e, já que passaríamos em várias escolas, teríamos que faltar em nosso colégio. Como ele é integral, perderíamos muitas aulas importantes e isso é especialmente arriscado para quem está em ano de vestibular. Mas estávamos dispostos a arriscar. Quando falei aos meus pais que faltaria na escola, suas falas giraram em torno de ''Tem certeza do que está fazendo?'', ''Acha que vale a pena?'', ''Você tem que pensar em você antes de querer ajudar os outros'' e coisas do tipo. Tudo isso desanima muito, porque pais sempre exercem grande influência sobre o modo como agimos e pensamos. No dia seguinte, quando encontrei meu amigo para passarmos nas escolas, descobri que seus pais o questionaram da mesma forma.

"Será que vale a pena?"

''Será que vale a pena?''

O maior medo de quem quer mudar o mundo é ter que fazer diferente. Isso já não é fácil; quando até seus pais se mostram contrários aos seus planos, a situação fica ainda mais complicada.

Fiquei com esses pensamentos sobre a insegurança de seguir um caminho diferente na cabeça e acabei ligando-os a um tema aparentemente bem distante.

Nas aulas de redação dessa semana, tínhamos que apresentar temas relacionados às mulheres na sociedade atual. Um dos grupos falou de como elas são tratadas no Afeganistão, onde o sexo feminino é inferiorizado, o que permite seu abuso, estupro, espancamento e submissão. A citação de uma ativista afegã me chamou a atenção: ''Não sou um brinquedo. Sou um ser humano e não devo ser tratada como animal''. Isso não te parece óbvio? É claro que a mulher é um ser humano, não um brinquedo! Entretanto, no contexto em que ela estava, sua fala era quase uma revolução e sofria muitas críticas dos que viviam ali; o que ela dizia ia contra todos os valores que sustentavam o absurdo daquela sociedade.

Percebi que talvez nossa situação seja a mesma. Estamos acostumados a um padrão, a ir para a escola, a seguir essa rotina, a não buscar coisas diferentes. E se, na verdade, tudo isso for absurdo? E se devêssemos utilizar nossos conhecimentos para ajudar os outros ao invés de fazer provas? Comecei a perceber que faltar na escola para se dedicar a um propósito pode ser o que realmente importa. Parei também para pensar no que vivi em dois dias de divulgação, no quanto aprendi sobre marketing, nas pessoas incríveis que conheci no processo, na diferença que podemos fazer na vida de muitos jovens e na nossa comunidade… Sei lá, tenho a impressão de que vale a pena faltar na escola por tudo isso.

Daqui a 10 anos, espero ouvir minha mãe falando ''Pois é, filho… Aquelas loucuras que você fazia quando era moleque deram certo no final''. Espero, esperamos… Sigamos!

Sigamos, porque o medo não pode abalar!

Sigamos, porque o medo não pode abalar!